
Um dos fatores da Inteligência Emocional é a empatia somada à compaixão. São um único fator, mas representam duas experiências emocionais distintas, complementares no desenvolvimento da Inteligência Emocional.
Quando trabalhamos a Inteligência Emocional é importante fazermos a distinção entre os dois termos e as duas experiências.
Enquanto a empatia é a experiência de entender e sentir as emoções e compartilhar das perspectivas de outra pessoa, se colocando no lugar do outro, a compaixão é a capacidade de reconhecer o sofrimento do outro e mover-se com a intenção genuína de aliviar este sofrimento. Empatia é conexão, compaixão é ação.
Vamos explorar a compaixão, e mostrar como o exercício dessa resposta emocional complexa é um recurso de Inteligência Emocional para manejar o estresse e ao mesmo tempo impactar positivamente a vida de outra pessoa.
A essência da compaixão é um processo multidimensional composto por 4 componentes chave:
1. Consciência do sofrimento – componente cognitivo/empático;
2. Preocupação associada a ser tocado emocionalmente pelo sofrimento – componente afetivo;
3. Desejo de aliviar o sofrimento – componente intencional;
4. Prontidão para ajudar a aliviar o sofrimento – componente motivacional.
A vivência subjetiva desses processos psicológicos acontece de forma simultânea, e culturalmente encapsulamos esses 4 componentes em uma única experiência, a qual chamamos de compaixão.
Viver a compaixão provoca uma resposta neurofisiológica do corpo humano. Uma resposta que contrasta com o estresse.
Quando estamos vivendo um momento de estresse, ativamos um dos sistemas de regulação emocional chamado de “sistema de autoproteção à ameaça”. Qual ameaça? De perder o emprego, por exemplo. De causar um prejuízo, de frustrar o outro, de não dar conta das tarefas, de não conseguir pagar as contas, de adoecer... sabemos que a lista das coisas que se acumulam e causam estresse é infinita.
Esse sistema é o responsável por ativar os núcleos emocionais da raiva e da ansiedade (medo), liberando cortisol no corpo. A função desse sistema é justamente essa: identificar as ameaças e reagir rápida e agressivamente. Em determinados contextos é a resposta ideal!
No entanto, na vida em sociedade, no trabalho e nas relações familiares, raramente é uma resposta eficaz. Muito pelo contrário; você e eu sabemos.
Voltando à compaixão.
Por que a compaixão pode ser uma resposta melhor no momento do estresse?
Porque ao mudar meu foco das “ameaças” para a necessidade do outro, os estados emocionais mudam! Saio de uma posição de perigo para uma de apoio, de segurança, de afeto e cuidado. E o corpo responde, liberando mais oxitocina e vasopressina, neurotransmissores que aguçam a capacidade de compreender as expressões faciais do próximo, de acolher e cuidar. Também controlam a agressividade e promovem calma.
Não podemos suprimir as nossas emoções, nem determinar o que vamos sentir nas circunstâncias que vivemos. O que somos livres para fazer é, a partir do conhecimento e da reflexão, nos comportarmos de uma forma mais útil em resposta às circunstâncias.
Se você escolher responder ao seu momento de alto estresse mudando o foco para ser um ajudador, seu estresse vai diminuir! Você vai abrir espaço para responder às tensões de uma forma mais criativa, porque está trocando o medo e a raiva por emoções que fomentam mais criatividade, desejo de construir, de cultivar, de esperar, de avaliar.
Tá estressado? Ajude alguém!
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